Conversamos com Makota Tata Hoji, fundador da CONEBRAS – Confederação dos Negros do Brasil – para conhecermos um pouco mais sobre sua história e seu trabalho.
Tata Hoji, tradicionalmente, iniciamos as entrevista pedindo à quem por aqui chega que se apresente. Portanto, por gentileza, inicie nosso papo falando um pouquinho sobre sua história, como vê o mundo, motivações e inspirações.
Vejo como uma grande oportunidade de se fazer história a partir de uma ação positiva.
Agora, sobre a CONEBRAS, como esta foi tomando forma durante sua trajetória até o presente momento?
A CONEBRAS é uma ação coletiva que depende da decisão individual que por sua vez depende de se ter consciência de identidade e coletividade, estágio que precisamos reconstruir
E como o podemos definir a CO NEBRAS hoje? Além do Tata Hoji, quem são as pessoas que compões a organização e como cada uma delas chegou ao grupo?
A Missão Organização CONEBRAS foi criada por mim em 2019 e de lá pra cá procuro incansavelmente levar o seu propósito ao maior número possível de irmãos irmãs, na esperança não de convencer, mas de detectar quem está preparada para compreender a Missão. Estar na CONEBRAS é diferente de achar legal, é preciso querer mudar o mundo, não estar preso ao problema, mas na construção de solução.
Quais os principais objetivos da CONEBRAS?
Conscientizar a Grande Irmandade de que só depende dela a solução conforme nos ensina por exemplo a filosofia ubuntu. Enquanto ela não olhar para si, conforme demonstra sankofa, nunca estará livre das sombras e das algemas com correntes controladoras.
Que projetos a CONEBRAS já desenvolveu e quais estão em curso no sentido de atingir estes objetivos?
Estamos conversando com grupos pequenos, para consolidar a mensagem de forma gradativa, através de grupos de comunicações em regime explicativo, isso levará o tempo que for necessário para conscientizar. Modificar a forma de se ver leva tempo. Romper as couraças que uma sistematizada lavagem cerebral que insiste em atualizar a cada momento as formas de senzalas, torna o trabalho da CONEBRAS uma ação para missionários heróicos. Mas sem a conscientização do ser parte de um todo, não existirá a menor possibilidade de ser pensar em uma ação coletiva.
A Educação parece ser uma questão central no que a CONEBRAS se propõe a realizar. Logo, torna-se interessante perguntar qual(is) método(s) de ensino planeja-se aplicar nas instituições alinhadas à CONEBRAS e por quê?
Sim, uma educação de altíssima qualidade é a mola central da Missão CONEBRAS como meio de emancipação da irmandade. Todo o processo pedagógico será afrocentrado e compartilhado por mestres afrodescendentes. O motivo é simples e obvio, nós somos os únicos capazes de falar sobre Nós mesmos, ninguém mais.
Diante da vastidão do território nacional e suas múltiplas diversidades espalhadas por todos os lados, qual a política da CONEBRAS para se comunicar e executar um plano que cause adesão de pessoas de diferentes culturas, econômicos e até mesmo de fenótipo negro?
O plano será de execução pela própria comunidade, pois preservar a identidade natural, não confundir com manipulada, ou adulterada, faz parte da filosofia CONEBRAS.
Neste ano, segundo dados do IBGE, os 10% mais mais rico possuem renda mais do que 14 vezes maior que a dos 40% mais pobres. Afunilando para os o percentual mais rico, tem-se o rendimento do 1% mais rico da população salta para 40 vezes superior ao dos 40% mais pobres. Além disso, é sabido que no Brasil classe e cor são fatores muito ligados. Com base nestes dados, como a CONEBRAS vislumbra a comunidade negra sobrepujando o obstáculo da diferença social em termos econômicos?
A questão da irmandade afrodescendente não é econômica, e nem distanciamento social, a nossa questão é de descolonizarmos a nossa mente. A escravidão ainda não acabou, e nem pensam em eliminar, apenas se transformam em mil facetas e modus operandi, que mascaram os meios permanecendo o objetivo final intacto, por isso a defasagem social, que se mede também pelo poder econômico só aumenta. O processo de subserviência ainda persiste.
A CONEBRAS coloca-se como uma instituição apartidária. Por outro lado, diz-se que “não há espaço vazio na política”. Confrontar estas duas declarações seria apenas confundir “apartidária” com “apolítica”? Quais as suas considerações a este respeito?
Somos a ponta de um iceberg a imergir, somos e seremos a maior ação política a se levantar a partir do século XIX.
Ainda nesta seara, de modo geral, como o senhor vê o cenário atual das eleições para prefeituras e vereança? As perspectivas para a CONEBRAS e seus projetos são auspiciosas?
O problema não é a política, são os políticos. A política é uma ação importantíssima, e orgânica à humanidade, o que precisamos fazer é recuperar a sua interpretação original. A política em uma simples explicação assim como a democracia significa a felicidade do individuo como formadora da felicidade coletiva. Conseguem ver essa prática? E nunca existirá felicidade sem independência incondicional.
Já se fala em 2026. Na verdade, desde 2022. O que esperar das candidaturas de nível Federal e Estadual de 2026 que possa ser favorável em termos de propostas para a população negra e para organizações como a CONEBRAS?
O rio corre para o mar, e a chuva cai de cima para baixo. A questão é como se posicionar diante do imutável.
O que o senhor pensa a respeito desta nossa sociedade em que Estado e Neopentecostalismo fundem-se cada dia mais, e como isto pode influenciar os planos da CONEBRAS em termos de Educação, uma vez que por questões religiosas até mesmo a aplicação da Lei 10.639 é negligenciada na formação atual?
A solução está em Nós e não neles. Pensar na defesa é necessário, mas sem um plano de ataque, ou no mínimo de contra-ataque, até mesmo o empate é construção da própria derrota.
Para conhecer mais a respeito da CONEBRAS, entrar em contato, fazer parte, quais são os meios de contato?
Acesse as mídias da CONEBRAS: www.conebras.org.br, no YouTube e no Instagram: @conebrasoficial, ou por email: [email protected] quer ser um investidor/fomentador [email protected]. E o canal WhatsApp pessoal Makota Tata Hoji dia e noite.
Mas o fundamental é ser parte do exercito revolucionário que estamos formando, para quem fizer sentido a nossa Missão transformadora a partir da conscientização dos nossos próprios poderes.
Por fim, por gentileza, deixe-nos uma ou indicação de livro, música, filme, podcast, peça de teatro ou o que for que você gosta, se identifica e nos faz conhecer um pouco mais de quem é Tata Hoji.
Saberes que gosto e procuro: A Arte da Guerra de Sun Tzu, A Elite do Atraso, de Jesse Souza, A deseducação do Negro, de Carter Godwin. Filme: Pantera Negra. Documentário: Procurem por mim na Tempestade, no YouTube e Bolivar, Banqueiro e o Grande Desafio, filmes disponíveis na Netflix; e tudo que for filosofia de qualquer origem ou pensador, pois o pensamento de quem pretende ser útil é superior e intuitivo, e a percepção, a retenção e o compartilhamento é uma decisão individual.
Agradecemos muito pela atenção concedida pelo Makota Tata Hoji para esta entrevista.